Falar sobre a Inclusão de LGBTI+ nas empresas é reforçar a importância da diversidade no mundo do trabalho.

por Jorgete Lemos | 17/6/2019 


Jorgete Lemos

▶ A importância da inclusão da diversidade é vital, pois o termo “importante” refere-se a algo que dá sustentação, é imprescindível, dá sentido e significado. Assim sendo, não estamos falando do que é moda, urgente ou deva ser feito para suprir a uma emergência.

O importante transcende e é sustentável. Temos aí, então, a justificativa da importância da inclusão da diversidade nas organizações, pois é uma das componentes da sustentabilidade corporativa, no âmbito da dimensão social.

Estamos no mundo pós-VUCA, com ações disruptivas sendo questionadas por resultados efetivos e ainda perguntamos: quantas e onde estão as organizações humanas, verdadeiramente inclusivas?

A organização humana, como um sistema social complexo, é diversa pela própria natureza. Falamos da diversidade em organizações inclusivas, abertas para todos, todas, todxs, com suas mais variadas características. A diversidade em uma organização inclusiva coloca as oportunidades de trabalho e carreira para todos, entendendo o potencial de cada indivíduo, sem preconceitos.


Inclusão LGBTI+

Segundo a revista “The Lancer”, de 0,4% a 1,3% das pessoas com idades entre 15 e 64 anos não se identificam com seu sexo biológico. No mundo, o total de pessoas trans é de 25 milhões e no Brasil, utilizando esses índices, teríamos de 752 mil a 2,4 milhões de trans.

No Brasil, 90% das travestis e transexuais estão se prostituindo e apenas 10% trabalham com registro em carteira, segundo a Associação Nacional de Travestis e Transexuais – ANTRA, em dado publicado no relatório produzido pela Consultoria Santo Caos..


Demitindo o preconceito: Por que as empresas precisam “sair do armário”?

Esse é o título do estudo realizado pela consultoria Santo Caos, com 10.230 entrevistados, compreendendo: ativistas, especialistas (psicólogos, psiquiatras, advogados), RH, profissionais LGBTI+.

Os resultados apontaram que:

– 47% declaram a sua orientação sexual no trabalho;

– 53% não declaram e somente falam para algumas pessoas;

– 40% já sofreram discriminação por orientação sexual, que vai desde piadas sem consentimento, realizadas por superiores ou colegas e até colegas que evitam contato, fazem fofocas, praticam o assédio moral e a exposição, seguida de pedido de demissão pelo agredido.

E, 38% das empresas pesquisadas têm restrições para contratação de homossexuais, enquanto que 54% acreditam que há discriminação velada.

Mas, sob outra ótica, fica claramente evidenciado o impacto econômico e financeiro que LGBTI+ exercem, bastando uma referência à “Parada do Orgulho LGBT” que acontece anualmente em diversos pontos do país. E, particularmente, na cidade de São Paulo, movimenta mais de R$ 400 milhões, com uma despesa per capita em torno de R$ 1.500,00.

Em 2017, a Parada de SP arrecadou R$ 2,4 milhões para o setor hoteleiro, que chegou a uma taxa de ocupação de 90%. Foram criados mais de três mil empregos diretos e indiretos durante o fim de semana em que ocorreu o evento. Além disso, pesquisa da Organização Mundial do Turismo (OMT) mostra que, para cada 10 turistas no mundo, um é do segmento LGBTI+ e cerca de 15% da movimentação financeira turística mundial é gerada por este grupo.


A cereja do bolo financeiro

Um estudo do banco de investimentos Credit Suisse mostra que as organizações que trabalham com políticas globais para o público LGBTI+ registraram um crescimento no lucro 6,5% maior nos últimos seis anos quando comparadas aos concorrentes que desprezam a diversidade. Essa pesquisa realizada em 270 empresas, também aponta que tais empresas têm retorno sobre o patrimônio e retorno de fluxo de caixa sobre o investimento de 10% a 21% maior.


Discurso e Prática

2030: Falar de Diversidade e alternativas para a inclusão com equidade é estar alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Os profissionais de RH já incorporaram esses objetivos às suas práticas de maneira transversal.

Dia Internacional do Orgulho LGBTI

Ministério das Relações Exteriores – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS)

Ano 2050 – As Organizações Humanas ainda não trabalham seus vieses inconscientes

Estamos às portas do ano 2050, ponto de referência para avaliações de resultados, segundo o Relatório Vision 2050: The new agenda for business, World Business Council for Sustainable Development – WBCSD, que enfatiza: “Atender às necessidades de desenvolvimento de bilhões de pessoas, possibilitando educação e empoderamento econômico, especialmente das mulheres, além de soluções, estilos de vida e comportamentos radicalmente ecoeficientes”.

Tal comportamento é encontrado em organizações que estão trabalhando seus vieses inconscientes e construindo uma nova relação com os talentos humanos.

Demandas atuais e futuras serão atendidas na medida em que tenhamos pessoas se articulando mas, em constante movimento, gerando ações e reações; pessoas diferentes interagindo, inovando, criando como decorrência de culturas e valores diferentes, mas apoiadas no valor maior que é o Respeito.


Fatores Críticos

Ensino e prática baseados no Tabuísmo

– Quais histórias nos contaram?

– Quando e como nos contaram?

– Posicionamento: temos o nosso?

– Reconhecemos que somos todos preconceituosos?


Estratégias de sucesso

A empresa GOL, por exemplo, tem no título de seu programa “Para todos – Programa de Diversidade” implícita a atitude que a empresa quer estender à totalidade de seus empregados. O presidente, a Diretoria de Gente e Cultura, Gerente de Business Partner e Diversidade, vivem esse valor: Para Todos.

Um marco foi o voo realizado com equipe só de mulheres e uma comissária transgênero. Viver a interseccionalidade da diversidade é outro aspecto fundamental, pois não deixa ninguém para trás.

No âmbito internacional tivemos empresas classificadas, como: “Stonewall Top Global Employers”, em 2018: Accenture; Allen & Overy; Baker McKenzie; Barclays PLC; BP; Dentons; Herbert Smith Freehills; LLP; Pinsent Masons; Banco Real da Escócia; SEIVA; Simmons e Simmons; Vodafone Group Plc; Grupo de Seguros de Zurique, que são referências no trato da questão LGBTI+.

Quanto a nós, profissionais de RH devemos ser guardiães do Respeito Humano. Façamos nossa parte respeitando a maneira de ser de cada indivíduo para que ele tenha orgulho de ser o que é. O RH deve promover a diversidade inclusiva que coloca as oportunidades de trabalho e carreira para todos, entendendo o potencial de cada indivíduo, sem preconceitos e discriminação.


Agora será Lei

O Supremo Tribunal Federal aprovou, na noite do dia 13 de junho de 2019, o uso da Lei de Combate ao Racismo, nº 7.716/89 para punir, também, a homotransfobia – discriminação contra homossexuais e transexuais. A decisão começa a valer uma semana após a publicação da ata do julgamento, o que só deve ocorrer no fim do mês. Trata-se de uma decisão provisória, que valerá enquanto o Congresso cria leis específicas para o tema – e não há previsão para que isso aconteça.


Faça a sua parte

Uma das ações que tenho feito com relação à diversidade em geral e para o público LGBTI+ é a produção e a disseminação de conteúdos em eventos com formadores de opinião, sempre buscando eliminar o antagonismo, a predisposição ao medo e à culpa, preparando as pessoas para um diálogo não violento. Colabore você também, pois o momento pede por isso. ◼


Artigo produzido por: Jorgete Lemos*

Diretora Executiva da Jorgete Lemos Pesquisas e Serviços.

Coordenadora do GT Diversidade do CORES/FIESP.

Diretora da ABRH-Brasil.


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Benefícios é uma ferramenta estratégica de Gestão de Pessoas. Já a Gestão Estratégica de Benefícios é uma contribuição equilibrada de diferentes formas de salário indireto, sendo um dos meios para a qualidade de vida no trabalho, que deve estar atrelada ao objetivo estratégico da organização .

por Jorgete Lemos | 20/1/2016


Plano de Benefícios

Jorgete Lemos ▶ O que a maioria das empresas recebe como solução são os planos tradicionais, pensados por RH, sem o envolvimento dos usuários e empregados e tendo como parâmetros as práticas de mercado, do segmento de negócio em que atua, além do cumprimento às exigências legais e decorrentes de acordos ou convenções coletivas.

Este modelo não dá o retorno tangível que a empresa patrocinadora da política de benefícios mereceria ter, pois o plano não está focado no negócio, nos seus objetivos e estratégias.

A PERGUNTA FUNDAMENTAL SOBRE PLANO DE BENEFÍCIOS QUE DEVE SER RESPONDIDA

Falta realinhar esta política partindo da indagação: em que os benefícios podem e devem ajudar para aprimorar ou promover os fatores críticos de sucesso da empresa? E as respostas estão lá na análise do ambiente.

Plano de benefícios gerador de despesas, com retorno abaixo do esperado aos investimentos feitos pela organização provoca usuários insatisfeitos. Motivos da insatisfação: o plano não representa seus usuários, pois não foi idealizado a partir de suas necessidades mas, sim, de um ideal pensado para o coletivo.

A força de trabalho atual, jovens da Geração Y, escolhe uma empresa que lhe acene com salários e benefícios adequados ao seu cargo, que ofereçam: crescimento profissional, qualidade de vida, apoio a cursos de outros idiomas, pós-graduação, projetos desafiadores, carreira internacional, flexibilidade de horário. Enfim, que atendam às necessidades de autorrealização, necessidades motivacionais, que dependem da qualidade da gestão muito mais do que dos benefícios concedidos tradicionalmente.

Surgem as alternativas de benefícios mais arrojadas, tais como as praticadas pelas Melhores Empresas para Trabalhar, que inovam e encantam porque os administradores do plano de benefícios na empresa escutam os usuários, colocam-se no lugar deles, para entender suas expectativas.

O Plano de Benefícios é a SEGUNDA MAIOR DESPESA
com pessoas, atrás apenas de salários e encargos,
representando grande fatia da folha de pagamento, de

20 a 50%

Empresas que adotam Benefícios que favoreçam o equilíbrio entre o tempo de trabalho e a vida pessoal são referências e ganham destaque ao lado de práticas que apoiam a mãe trabalhadora, principalmente no período pós-parto e que estendam esse apoio aos homens, quando pais, que privilegiam subsídios para ações de desenvolvimento e não só para o treinamento.

Pequenas mudanças, mas que provocam impacto a médio e longo prazo, como o prazer de administrar seu horário de trabalho para conciliar com compromissos pessoais e familiares, prolongar o final de semana ou simplesmente escolher onde trabalhar, pois a empresa é o local da entrega e não necessariamente o da operacionalização, são destaques e compõem a cesta dos benefícios intangíveis.

Mas, para que o Plano de Benefícios interaja sinergicamente com os demais processos da organização, é preciso conhecer a cultura organizacional, sua disponibilidade financeira e, acima de tudo, a estratégia adotada para o negócio, até que seja possível adotar alternativas mais arrojadas de Flexibilização do Plano de Benefícios.

Se você deseja se aprofundar neste conteúdo, implantar ou revisar o Plano de Benefícios de sua organização, preparamos uma capacitação exclusiva sobre o tema. Veja mais neste link aqui: Gestão Estratégica de Benefícios Corporativos. ■


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