Não é possível que as empresas, entre as maiores stakeholders do país, furtem-se do dever de posicionarem-se em definitivo contra o preconceito.
por Meire Nogueira e Denis Sinachi | 20/11/2020
▶ Até ontem pretendíamos publicar uma mensagem doce a respeito do Dia da Consciência Negra, uma pauta importante para todos da Leme, para a área de RH como um todo e, como deveria ser, para o mundo inteiro. Isso porque, dedicados diariamente a investir na pujança do capital humano das organizações e seus reflexos positivos na sociedade, compreendemos que não há favor algum em dar oportunidades e espaços a talentos de todas as cores e vertentes – isso é, pelo óbvio e antes de tudo, um dever.
Também é política estrita da Leme – parte do nosso MVV e posicionamento direto do nosso fundador, Rogerio Leme – a inclusão e a diversidade como motes obrigatórios a quem lida com gente diariamente. Outra ordem do professor Rogerio – como se preciso fosse – é que, aqui, não se faz marketing de oportunismo, especialmente diante de temas tão críticos, sensíveis e fundamentais. Aqui não se fala por falar e não se fabrica imagem de bom-moço, pela dignidade daqueles que compõem a Leme. Assim, o que dizemos a seguir é não apenas uma forte declaração de postura, como também uma introdução ao que se dirá, na sequência. Em nome dos nossos clientes e parceiros, do país ao qual pertencemos e amamos e da dignidade dos nossos colaboradores afrodescendentes – do diretor aos consultores, analistas e auxiliares -, cravamos: não é possível, aceitável ou tolerável que as empresas se furtem do DEVER de se posicionarem, em definitivo, contra o racismo que assombra esta nação.
A Voz a quem a pertence
Ontem, convidei nossa colaboradora Meire para escrever algo a respeito dessa data, de sua importância, dos espaços conquistados por sua etnia nos últimos anos, o mercado de trabalho, entre outros. Na verdade, não pretendíamos pautá-la. Simplesmente porque compreendemos que o ‘microfone’ deve ser garantido a quem tem a voz cabível, e essa voz deve ser livre. Competente, mulher e negra, Meire representa para nós tudo aquilo que nesse dia – e nos demais – merece holofotes. Jovem, sorridente e esperançosa, foi convidada para representar Elsimar, Robson (in memoriam), Larissa, Ricardo e, na verdade, a todos nós e nossos tons. Para que suas palavras também representassem a visão positiva e esperançosa que as pessoas multicoloridas da Leme têm do futuro promissor que, apesar dos desafios, está ao nosso alcance.
Infelizmente, nossos planos foram momentaneamente frustrados. Muito frustrados. Ainda falaremos, um dia, das vitórias, ganhos e conquistas que todos vamos obter com a derrota da estupidez. Mas não hoje. Hoje, em luto, apenas lamentamos.
Dia 20 de novembro de 2020, acordamos com a notícia do assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40 anos, pelo “crime de melanina”. Mais um nome para as estatísticas da nossa vergonha.
Nós simplesmente não nos sentimos mais à vontade para falarmos sobre questões de trabalho e mercado, diante de uma barbárie que atropela os níveis mais básicos de existência. Mas não nos calaremos.
Com a palavra, Meire Nogueira, Analista de Gestão e Estratégia da Leme Consultoria:
“Hoje pensei em escrever sobre a resistência, o empoderamento, a beleza ou até mesmo a força imensurável que possuímos, palavras otimistas de quem sonha e luta por um cenário melhor. Mas após o acontecimento de ontem, não tem como fechar os olhos!
Mais um dia 20 de novembro e nossos corpos continuam cobrindo o chão; a minha pele continua sendo o alvo. E essa estatística só aumenta, NUNCA retrocede. Infelizmente, a carne mais barata do mercado CONTINUA sendo a negra. A essa altura eu não quero nem mais saber por quê. Só o que eu me pergunto é: até quando?
Até quando haverá ‘antirracismo’ apenas nas postagens de redes sociais (uma enxurrada de telas pretas e lutos, como se fosse o suficiente)? Pois não é! Alguém me diga que o racismo não existe, que algo mudou, por favor? Porque já vimos isso tudo antes, ano após ano. E eu vejo muito mais, nas palavras, nos olhares, nos atos e em tudo aquilo que não sai nos noticiários.
Será que há quem se importe? Quem reconheça, quem valorize? Quem contrate e dê oportunidades? Não “caridade”, oportunidade?
Será que há quem reconheça, mesmo, ao menos a nossa humanidade?
Nos momentos de dor eu me questiono, sem nenhuma autopiedade. Daí me lembro que sim, ainda bem, há quem sinta a dor que está na pele do outro. Mas é pouco, muito pouco, e não dá pra se acomodar.
Peço a você que não feche seus olhos e ouvidos para tudo o que acontece ao nosso lado. Mais do que Empatia, ainda falta a nós o nível mais básico da Justiça.
Lutamos e continuaremos lutando por igualdade, por que não somos “diferentes” e não merecemos apenas as mesmas oportunidades, mas a liberdade e o direito à vida! Sem isso, sem o básico, qualquer outra discussão parece maquiada.
Se ainda há quem pergunte por que existe o dia da consciência negra… que essa pessoa olhe à sua volta, observe os fatos e pergunte-se a si mesmo se ainda cabe questionar.”
A Leme Consultoria REPUDIA todo e qualquer ato, violento ou não, que impeça os talentos humanos de se manifestarem. Estamos em luto, mas jamais fora de combate. Não toleramos, seja sob a nossa folha de pagamento, entre nossos fornecedores, carteiras de clientes ou mesmo governantes, que o pior do ser humano obscureça o Valor da Humanidade. Custe o que custar.
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Esse é um artigo para reverenciar a luta e agradecer pela oportunidade de aprender com as pessoas com deficiência. Viva o dia 21 de setembro!
por Maíra Stanganelli / CMKT Leme | 23/9/2020
▶ Uma das mulheres mais importantes do país, Luiza Helena Trajano, declarou recentemente que “empresas que não promoverem a diversidade serão cobradas pelos clientes”. Só para não haver dúvidas, Luiza Helena Trajano é presidente do Conselho de Administração do Magazine Luiza, empresa que se destaca pelas diversas ações de empoderamento e igualdade para pessoas com deficiência, negros e mulheres. Um público formado por pessoas que costumam ser tratadas como “minoria”.
O termo entre aspas é para assumir um tom irônico aqui, porque ele resume um conceito absurdo.
Mas, felizmente, nunca na nossa história ouvimos falar tanto sobre a importância da diversidade. E o debate, embora tenha começado tarde, não deve ter hora para acabar.
A luta das pessoas com deficiência é fundamental para que as empresas cresçam e, sem nenhuma sombra de dúvidas, para que os seres humanos também possam crescer. Para que as gerações futuras possam realmente celebrar essa data sem ter de precisar justificar o porquê ela é importante. Apenas celebrar a sua importância.
Afinal, as gerações que estão no mercado de trabalho hoje ainda estão entendendo o que essa luta significa… E olha que este é um movimento que começou no final da década de 1970!
Ainda há longo caminho a ser percorrido e as ações precisam ser feitas agora. A luta da pessoa com deficiência precisa ser muito valorizada. Porque a real diversidade nas empresas somente será possível quando o comportamento excludente for deixado de lado e passarmos a agir #AlémDaCota, abrindo verdadeiramente as portas para as pessoas com deficiência.
Antes da deficiência que têm, elas são PESSOAS
Assim, têm pontos fortes e fraquezas como qualquer uma. E como Rogerio Leme, diretor da Leme, costuma dizer “as pessoas com deficiência têm soft skills pra lá de essenciais para qualquer organização: resiliência, persistência, criatividade, superação, inovação, motivação, alegria, compartilhamento, empatia e diversidade”. Isso apenas para citar algumas.
Portanto, o pré-julgamento promovido pela mentalidade excludente que algumas empresas, aliás, pessoas, insistem em manter, há anos já não tem lugar na nossa sociedade.
Nem todo mundo está no mesmo barco, mesmo que muitas pessoas insistam em dizer que sim. Então, se você tem o poder de contratar pessoas para atuarem de alguma forma na sua empresa, cuidado: não deixe o seu preconceito falar mais alto do que a competência da PcD.
Ah, e pode ser qualquer tipo de contrato: para uma vaga fixa, um trabalho temporário, um freela ou para dar um treinamento para sua equipe. Não importa. E hoje, menos ainda com a possibilidade do trabalho remoto, caso a empresa alegue que não tem “infraestrutura” para ter uma pessoa com deficiência no time!
Pessoas com deficiência têm todas as competências para desempenharem qualquer papel nas organizações. Basta abrirmos as portas e começarmos a aprender a remar juntos. Aí sim, vamos poder dizer que estamos no mesmo barco.
***
Em 21 de setembro, data adequadamente escolhida, celebramos o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência. Essa data está instituída no calendário nacional desde 2005 (Lei nº 11.133/2005) e “foi escolhida para coincidir com o Dia da Árvore, representando o nascimento das reivindicações de cidadania e participação em igualdade de condições.” (Disponível aqui, acesso em 21/9/2020).
Se você quer saber mais sobre a luta das pessoas com deficiência, procure pela Andrea Schwarz nas redes sociais. Além de provar dia a dia que ser uma pessoa com deficiência não significa ter limitações, ela tem um lindo projeto para tornar o mercado de trabalho mais inclusivo e diverso.
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