Quem tem atitudes infantis no ambiente de trabalho se desqualifica como profissional diante de colegas e superiores.
por Gabriela Guimarães e Marina Oliveira – UOL | 03/08/2017
▶ Segundo os especialistas, o comportamento não é exclusivo de estagiários e recém-formados — pode ser adotado por profissionais experientes e com tempo de casa. Veja se você se identifica com alguma dessas atitudes:
Fechar a cara diante de um feedback negativo ou justificar-se de maneira exaltada, reagindo sem pensar, são atitudes que prejudicam a imagem profissional. “Um dos erros mais comuns é entender críticas ao trabalho como pessoais”, diz Antonio Carlos Rodgrs, especialista em RH, docente de ética e gestão de pessoas na pós-graduação do Hospital Albert Einstein. O desafio é manter o equilíbrio emocional. “Nos profissionais mais experientes, geralmente é o estresse que leva a agir de forma infantil, quando a pessoa não encontra mais espaço para a realização profissional ou quando perde poder sem motivo aparente ou explicável, por exemplo”, afirma.
Crianças têm dificuldades de assumir suas falhas, pois ainda estão em um momento de afirmação pessoal. Mas, passada a infância, o ideal é buscar conhecer os próprios limites para superá-los. Receber críticas é, portanto, essencial. Se há alguma falha no processo, ela deverá ser apontada, mas na hora certa. Responsabilizar outras pessoas da equipe é inadmissível.
Pagar na mesma moeda, após ser atingido pessoalmente pela atitude de um colega ou superior que agiu de má-fé, o colocará no mesmo patamar que ele, perante os demais colegas. O ideal seria falar diretamente com a pessoa — ainda que seja um chefe seu — e explicar como se sentiu com a atitude dela, evitando julgamentos ou acusações. Se a aproximação for difícil, contar com a mediação de um profissional do RH ajuda a minimizar conflitos.
Chegar atrasado no dia seguinte a uma conversa crítica com o seu superior e procrastinar o trabalho por achar que não está sendo reconhecido são exemplos de protestos improdutivos e que vão apenas eliminar suas oportunidades de ascensão profissional. “Manifeste seu descontentamento por palavras e, assim, até poderá justificar uma breve mudança de comportamento, que é aceitável no ser humano”, diz Rodgrs.
Apresentar um trabalho de equipe como fruto das suas ideias e da sua dedicação exclusiva pode ser uma estratégia válida para impressionar o chefe. Mas, depois, não reclame se tiver que almoçar todos os dias sozinho e nunca se mais for convidado para um happy hour.
“Esse tipo de comportamento tem impacto negativo no clima organizacional. Passamos a maior parte do nosso tempo no trabalho. Assim, respeito, espírito de equipe e colaboração são fundamentais para um ambiente saudável, produtivo e, principalmente, prazeroso”,
explica o prof. Rogerio Leme, diretor da Leme Consultoria e da Associação Brasileira de Recursos Humanos.
Apontar pontos negativos, remedar as pessoas ou tentar ridicularizá-las, principalmente quando elas discordam do seu ponto de vista, é uma maneira de despertar a desconfiança da equipe. Afinal, quem faz isso com uma pessoa próxima, também poderá aplicar o mesmo comportamento aos demais — geralmente, é isso o que o time pensa. “Qualquer descontentamento deve ser noticiado diretamente à pessoa, sem plateia. Só evite fazer qualquer coisa no calor da emoção, dê uma pausa e pense melhor”, diz Paulo Panelli, gestor de recursos humanos e diretor da RVK Negócios.
Comportar-se como um tirano na liderança de uma equipe só vai mostrar o seu despreparo para assumir outros cargos de gerência ou direção. “Ser inflexível, entrar em disputas tolas querendo provar que está certo, gritar e expor as pessoas da equipe são exemplos de comportamentos inadequados”, explica Rogerio Leme.
Em uma reunião, você pode dirigir-se a um colega e cobrar alguma atitude que ele precisa tomar rapidamente para resolver ou evitar um problema, de forma respeitosa e assertiva. “Olhar para o chefe e dizer: ‘Se algumas pessoas, que prefiro não citar, fizessem sua parte direito…’, é uma atitude não só infantil como desonesta”, diz Rodgrs.
Há quem faça isso com o objetivo de parecer dedicado ou até mesmo de criar um vínculo. Porém, aos olhos do chefe, a falta de autonomia para tomar decisões pode indicar que o profissional não está alinhado com as competências requeridas pelo cargo. “Isso pode retardar possíveis oportunidades dentro da própria área, como também em posições que possam ocorrer em outras divisões”, afirma Panelli.
Essa é uma excelente maneira de se eximir de responsabilidades — justamente o que falta à criança. Porém, para progredir no ambiente corporativo, a capacidade de responder aos desafios é fundamental. “Se você fugir deles, outros se apresentarão para fazer esses trabalhos difíceis e ganharão credibilidade. Quando esses caras virarem seus chefes, não reclame”, diz Rodgrs.■
Fonte: Gabriela Guimarães e Marina Oliveira – UOL
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