O Programa de Preparação para a Aposentadoria oferece uma transição mais tranquila tanto para colaboradores quanto para a organização, levando reflexões importantes sobre o planejamento pós-carreira. Entenda como funciona e como implantar o PPA.
por Maíra Stanganelli / CMKT Leme | 12/7/2018
▶ Em 2019, segundo o IBGE, a expectativa de vida ao nascer é de 80 anos para as mulheres e 73 anos para os homens. Considerando que essa projeção tem aumentado anualmente desde 1940 teremos, em poucos anos, pessoas vivendo por muito mais tempo.
Por outro lado, caso haja aprovação da Reforma da Previdência, mulheres e homens se aposentarão na casa dos 60 anos. Portanto, alguns bons anos para desfrutar do descanso – considerando, minimamente, o dado relacionado à expectativa de vida.
“Vida longa e próspera”, como diria Spock. A vida longa tem se tornado uma realidade ano após ano, mas, como anda a expectativa da prosperidade no período pós-aposentadoria? Entendendo o termo “prosperidade” muito além do dinheiro, mas uma situação tranquila, favorável e, acima de tudo, satisfatória e feliz.
Muitas organizações têm se preocupado com o momento pós-carreira de seus colaboradores e já estão desenvolvendo ações, como o Programa de Preparação para a Aposentadoria. Essas iniciativas visam orientar e preparar os colaboradores para que a transição e o próprio período de aposentadoria sejam prolíferos e com qualidade de vida.
É comum aos prestadores de serviços desenvolverem programas sob medida para cada cliente, conforme as características do grupo participante. Essa é a proposição ideal, além do fato de atender, também, às expectativas de investimento de cada companhia.
Por isso, muito embora seja comumente conhecido como Programa de Preparação para a Aposentadoria ou PPA, esse projeto tem sido desenvolvido em diversos formatos, tais como: palestras de conscientização, workshops, treinamentos de curta duração ou mesmo como um programa mais extenso (em atendimento à Política Nacional do Idoso, Lei nº. 8.842/1994 e ao Estatuto do Idoso, Lei nº. 10.741/2003).
Essa flexibilidade é importante, pois abarca o atendimento a organizações de todos os portes, com grupos de tamanhos distintos e compostos por profissionais com projetos de vida variados.
Existem, no entanto, alguns temas prioritários, cuja necessidade de serem apresentados ao público é essencial, pois visam ofertar aos participantes vieses que podem ter passado despercebidos ao longo da vida e até mesmo as opções de pós-carreira.
Portanto, dentre os conteúdos que podem ser tratados, é fundamental abordar:
cenário e tendências culturais, demográficas, tecnológicas, econômicas e socioambientais;
aspectos psicossociais da aposentadoria, relacionamentos, vida social;
questões sobre a vida economicamente ativa e da aposentadoria;
gestão financeira;
saúde, qualidade de vida e a importância do envelhecimento saudável;
empreendedorismo em suas várias formas e o voluntariado;
projeto de vida.
Engana-se quem pressupõe que profissionais de primeiro escalão já têm planos para a aposentadoria. Em pesquisa recente desenvolvida pela Page Executive em parceria com a Angatu IDH, dos 400 entrevistados na faixa de 40 a 60 anos, em alta e média posição executiva (tais como presidentes e diretores), 77% manifestaram consciência sobre o pós-carreira e, destes, quase 58% disseram não ter, efetivamente, nenhum projeto para essa etapa da vida. O estudo completo está disponível aqui.
Com esse ponto de vista, fica clara a importância de envolver profissionais de todos os níveis hierárquicos quando se fala sobre a aposentadoria, pois todos têm inseguranças, angústias e dúvidas quanto à transição. Quando chegar o momento de abandonar o crachá, as pessoas que estão nesse status continuarão convivendo em nossa sociedade e precisam estar felizes e saudáveis.
Portanto, embora falar sobre aposentadoria não seja nenhuma novidade, o tema ainda é abstrato e quase um “tabu”. Promover o acesso a essas reflexões o quanto antes contribui para que as pessoas percebam a aposentadoria como um processo natural e saudável da vida. Dessa forma, considerar um Programa de Preparação para a Aposentadoria mais completo àqueles que estão na transição e ofertar palestras de sensibilização aos mais jovens são alternativas interessantes para fomentar o pensamento quanto ao planejamento do pós-carreira.
A empresa que se propõe a investir no PPA não está preocupada apenas com sua imagem institucional. Sim, porque o employer branding, ou a marca empregadora, era tendência há alguns anos e, hoje, já é uma realidade e os talentos escolhem se desejam ou não trabalhar em uma empresa sem propósitos claros (basta ver a audiência de sites que recebem avaliações de funcionários e ex-funcionários). O PPA também ajuda na imagem institucional, pois demonstra a preocupação da organização com aqueles que ofereceram seus serviços para o alcance das metas organizacionais por tanto tempo.
Mas, esse programa agrega outras vantagens com impacto em todo o âmbito organizacional:
demonstra o compromisso da organização com a responsabilidade social;
expressa o respeito e a valorização pelas pessoas que fazem parte da organização;
a conscientização dos colaboradores em pré-aposentadoria contribui para que ajudem seus sucessores (vale dar uma olhada nos Programas de Mentoria para esse fim);
auxilia na relação entre as gerações no ambiente de trabalho, quando todos são envolvidos.
Empresas de maior porte têm conduzido a implantação do PPA em parceria entre o RH e a área de Serviço Social. Entretanto, nem todas as organizações têm um grupo de profissionais que pode se dedicar à essa pauta e, ademais, como dito anteriormente, apesar de ser amplamente discutido, ainda é um tema relegado a segundo plano.
O ideal é contratar consultorias especializadas no assunto, pois, como há abordagens específicas sobre saúde, qualidade de vida, gestão financeira, previdência etc., é importante apresentar domínio sobre os conteúdos, afinal, é um momento, também, de esclarecimento de dúvidas.
Se você tem interesse em iniciar esse projeto, separamos algumas indicações de livros e filmes que podem ajudar a ampliar o olhar sobre a aposentadoria. A maioria das dicas foi extraída de um material produzido pelo Senado Federal, em 2015:
Filmes: Conduzindo Miss Daisy (1989), Antes de Partir (2007), Up – Altas Aventuras (2009), Intocáveis (2011), O Mordomo da Casa Branca (2013).
Livros: O Amos nos Tempos do Cólera (Gabriel García Márquez), Memória de Minhas Putas Tristes (Gabriel García Márquez), Viva Bem a Velhice (Burrhus Frederic Skinner), O melhor vem depois: desvendando o enigma da longevidade (Andrea Giardino e Julio Sergio Cardozo), Mensagens para os meus netos (Peter Vance). ◼
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Programa de Mentoria acelera a aprendizagem e tem efeitos positivos no clima organizacional, produtividade e engajamento. Entenda!
por Maíra Stanganelli / CMKT Leme | 7/2/2019
▶ Existe um modelo de aprendizagem bastante contemporâneo, que data da década de 1990, e que vem crescendo ao longo dos últimos anos, especialmente com o impacto da transformação digital nas organizações: modelo de aprendizagem 70:20:10. Já ouviu falar?
Embora controverso (há dúvidas quanto àqueles que o desenvolveram e o método aplicado para determinarem estes valores – mas, isso é conversa para outro dia!), o modelo chegou a uma “expressão numérica” que estima o percentual sobre quais as formas de aprendizagem das pessoas nas organizações.
Os valores, 70, 20 e 10, equivalem, portanto, ao percentual dos meios de aprendizagem organizacional, ou seja:
70% = aprendizagem na ação, na prática, on the job;
20% = aprendizagem com ajuda de outras pessoas, como mentoria, coaching e grupos de trabalho;
10% = aprendizagem em sala de aula, especializações e treinamentos.
Isso quer dizer que não existe um único meio de aprender, reforça uma ideia que é conhecida há tempos, de que as pessoas aprendem de formas diferentes e que, há tempos também, a sala de aula já não é o único local para adquirir conhecimentos.
Mas, hoje, queremos falar sobre um destes processos de aprendizagem, especificamente: programas de mentoria, que estão dentro dos 20% da aprendizagem que requerem o envolvimento de outras pessoas.
Mentoria, ou mentoring, é um processo relacional, no qual uma pessoa muito experiente (o que não significa a idade e nem mesmo o nível hierárquico) em um tema ou função aconselha, compartilha vivências, situações e tomadas de decisões com outro profissional, que necessita fortalecer suas competências para se desenvolver. O processo não precisa ser 1:1; o mentor pode orientar mais de um profissional, pois o foco é acelerar a aprendizagem dos demais.
As aplicações da mentoria mais habituais na organização são para:
– preparar profissionais para assumirem funções de liderança;
– capacitar sucessores, para diversas funções, não apenas liderança;
– reduzir custos com T&D, utilizando mentores da própria organização.
Muitas empresas já adotam a prática do mentoring, mesmo que informalmente. Entretanto, é importante tornar este processo de desenvolvimento cognitivo, social ou emocional como um recurso estruturado oferecido pela companhia, com suporte ao mentor – o profissional mais experiente – e ao mentorado, o profissional que está em preparação.
Mas, é necessário fazer um lembrete antes de prosseguir: mentoria e coaching são processos diferentes! Vale lembrar que a mentoria tem bases no aconselhamento, na troca de experiências, tendo um modelo, isto é, o mentor como referência.
O coaching, por outro lado, estimula o coachee, por meio de técnicas e ferramentas, a refletir sobre si mesmo em prol do alcance dos seus objetivos pessoais e profissionais. Um processo não desmerece o outro; pelo contrário, podem trabalhar em plena comunhão. Estamos apenas nos aprofundando em mentoria, pois é nosso foco de hoje.
O principal objetivo da mentoria é acelerar a aprendizagem. Por isso, o mentor não precisa ser, exatamente, uma pessoa mais velha que o mentorado. O que diferencia mentor e mentorado é, na verdade, a “quilometragem rodada” em determinado assunto.
Basta analisar o seguinte cenário: um profissional sênior que precisa se atualizar quanto às práticas tecnológicas atuais pode ser aconselhado por um profissional jovem, que tem bastante habilidade neste tema. Afinal, o mentoring é a transmissão do conhecimento.
Mas, para que este processo realmente atinja o seu objetivo, o de precipitar a aprendizagem daqueles profissionais que têm algum gap de desenvolvimento – que não precisa ser apenas comportamental –, é preciso estruturar um programa de mentoria.
É necessário oferecer estrutura e suporte para ambos os lados envolvidos. O mentoring é relacional, demanda que as pessoas estejam preparadas para transmitir o conhecimento que têm para os demais. Também requer que o mentor esteja atualizado no tema para o qual foi destacado para as mentorias.
Por outro lado, o mentorado precisa estar receptivo para receber as orientações advindas do seu mentor. É necessário ser transparente na troca de informações, para que haja sucesso no processo.
Portanto, um programa de mentoria precisa contemplar as seguintes ações:
– preparar a equipe que vai trabalhar como suporte dos envolvidos;
– formar os mentores, afinal estes profissionais também precisam de recursos para transmitir o conhecimento;
– preparar os mentorados;
– ao final, deve ser gerada uma avaliação com apuração dos resultados.
O objetivo maior do programa de mentoria é acelerar a aprendizagem. Entretanto, há diversos efeitos positivos decorrentes deste projeto. Um deles é a manutenção do conhecimento na empresa. A possibilidade de perpetuar saberes, desafios, tomadas de decisão, erros e acertos é fundamental para a sustentação orgânica da companhia.
A experiência das pessoas passa a ser mais valorizada, o que impacta diretamente no clima organizacional. Outra impressão que se tem com o programa de mentoria é a melhora no relacionamento entre gerações, tendo em vista que, normalmente, há uma diferença de idade entre mentor e mentorado. Temos de nos lembrar que vivemos um momento em que há enorme mescla de profissionais de diferentes gerações trabalhando juntos.
Também é resultado do programa de mentoria o aumento no percentual de engajamento das pessoas com as ações propostas pela organização e isso, consequentemente, tem impacto na produtividade.
Por isso, esse é um projeto que deve ser contemplado no planejamento organizacional e, com certeza, pode ser conduzido pela área de RH ou BP da companhia. As técnicas de mentoria também se encaixam perfeitamente nas trilhas de aprendizagem, na qual os mentores contribuem em determinados pontos para aceleração da aprendizagem. ◼
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