Renato Nallin
Qual a perspectiva de vocês para a velocidade que as empresas vão se recuperar após essa recessão?
R:. Olá Renato. Como eu gostaria de ter uma resposta certeira! Essa é a resposta buscada por todo empresário, profissional e todos aqueles que hoje estão desempregados. Vivemos aqui no Brasil uma crise que ultrapassa a área da saúde, como é sabido. Acredito que vamos continuar sentindo o impacto mesmo após pandemia, e cada empresa terá seu próprio ciclo de recuperação. As mais impactadas, as que não se viram sem alternativas para manter seu negócio vivo estão, hoje, dispendendo esforços para encontrar fontes alternativas de receita – o que é vital – e encontrar o seu próprio modelo de retomada. Eu acredito que elas estarão muito mais fortes e mais preparadas para expandirem os seus negócios no novo normal.
Muitos cases de sucesso vão nos inspirar. Por que não termos nós a nossa própria história de superação, não é mesmo?
Fabiana Tonelo da Graça Mota
A atuação local faz diferença no global. Como agir globalmente sem pensar no individual e na comunidade local?
R:.
Excelente pergunta. Sim, certamente! Toda grande mudança nasce do indivíduo e se expande para todas as demais áreas da vida.
Atitudes verdadeiras de solidariedade, de compaixão, serão a transformação que queremos ver no mundo: nos tornarmos melhores seres humanos.
Tem mais perguntas suas que tomei a liberdade de trazer para cá:
Por que é “vergonhoso” fazer sucesso nesse momento?
R:. Muito francamente, Fabiana, ressinto não ter dado espaço para compreender melhor a sua pergunta. Eu realmente não acredito nisso e não consigo nem sequer pinçar um momento onde pude dar a entender que fazer sucesso hoje é vergonha. Se o sucesso vem de modo honesto, maravilha! Terei uma enorme satisfação se quiser me explicar melhor: fique à vontade para me contatar pelo marcia@lemeconsultoria.com.br
A vida não existe sem ação. Não temos que ser empáticos com quem tem coragem e sai para o trabalho e age nesse momento, para dar alimento para sua família? Eu sou extremamente favorável ao trabalho, mesmo diante do perigo. Sempre declarei, mesmo que açoitada pelas divergências de opinião, que saúde e economia são coisas indissolúveis. Que é insano trancafiar uma família em prol da saúde, enquanto passa-se fome.
É disso que falei no pouco tempo que estivemos juntos: a dualidade de opostos gerando extrema insegurança no cidadão. Portanto, não são coisas dispares e não é necessária muita inteligência para prevermos as consequências que essa dissociação vai acarretar.
Ao mesmo tempo, a responsabilidade precisa imperar. Não há uma única solução para o todo. O melhor para uma cidade, não necessariamente o é para outra.
Então, a meu ver, o problema não está na falta de empatia. Está no modo como resolveremos problemas ainda de forma linear: isso sim, isso não! Isso não vem acontecendo somente na saúde ou na economia diretamente. Acontece na forma como resolvemos problemas. Na forma como lidamos com a opinião diferente. Enfim, todo extremo será condenado.
Cris
Como montar um programa de contingência para fortalecer os colaboradores com a chegada de casos de coronavirus na Empresa?
R:. Olá Cris, espero que você e todos os seus estejam bem.
É, Cris, todos ficamos muito mexidos com a notícia de que colegas de trabalho foram contaminados. Concomitante, o quanto a empresa se importa com cada dos seus. Mais uma oportunidade para demonstrarmos o nosso apreço.
Bom, o que fazer então?
O caminho mais sensato é falar a respeito e criar espaço para que as pessoas possam expor suas emoções, seus receios, medos, angústias, enfim… Nenhuma emoção consegue ficar represada. Quando entendemos como as pessoas estão se sentindo, ganhamos as informações de que precisamos para agir a partir das expectativas que trazem.
Entendo, ainda, que as pessoas precisam ser orientadas insistentemente sobre como se prevenirem da doença – mesmo que aparentemente saturados de conhecimento – mas, em especial, sobre como preservar vidas – suas e de outros. Sem pânico, sem a institucionalização do medo, mas entenderem que todos temos um papel importante nesta luta.
As pessoas tendem a se sentirem melhor quando se sentem úteis na luta e, acredito, que será um bom indicador de êxito e sucesso para a empresa.
Jorgete leite Lemos
Oi Márcia, parabéns. Você falou em MEDO e eu pergunto: Medo e Diversidade andam juntos. Neste momento, o MEDO afeta a promoção da Diversidade, na sua opinião?
R:. Grande mestra, Jorgete! Você é uma referência neste assunto e me rendo a você todas as vezes que tenho a oportunidade de ser sua aluna neste tema.
Você é testemunha do quanto o momento que estamos vivendo escancarou a diversidade. O medo também tem propiciado questionamentos sobre nossas convicções, restrições e limitações, conscientes e inconscientes. Se será por intermédio dele que ampliaremos a nossa visão sobre uma sociedade mais igualitária e justa é o que queremos confirmar. Mas, como você mesma diz, há muito a evoluir, ainda.
Marcelo Severino dos Santos
bom dia! Márcia, os interesses da organização no mesmo nível dos interesses dos colaboradores, como gerar essa conscientização?
R:. Bom dia, Marcelo. Que bom ter tido você conosco. Bem sabe o carinho e admiração que tenho por você.
Me dirigindo para a sua pergunta: é o inverso, Marcelo! Trazer para a casa colaboradores que tenham os mesmos interesses da empresa, o que é possível com um processo de contratação muito bem feito.
Quando isso não é possível, não há outro jeito se não provocar um alinhamento ininterrupto, que deve ser de responsabilidade dos líderes da organização.
Nós, e eu sei que você também, temos a clareza da importância de conectar emocionalmente as pessoas a um propósito organizacional claro e envolvente que lhes permita ter uma visão de futuro, que as faça se sentirem vivas; sentirem que os seus esforços valerão a pena; capazes de perceberem a evolução dos resultados a partir da sua dedicação e de seu comprometimento. É a cultura ganhando forma e ganhando adeptos, dia a dia.
Os comportamentos esperados não acontecerão na velocidade que nós, profissionais de RH, desejamos, já que não é possível jogar fora a história pregressa da empresa e as suas marcas. Agora, é fato que cultura Organizacional não é impenetrável. A alteração de um quadro que está em desacordo é possível e não rara. Cultura organizacional é criada intencionalmente, tem regras de conduta iguais para todos e há um apoio, pois, traz uma linguagem positiva comum, que gera participação, que engrandece, que motiva.
É, para mim, a melhor escolha que uma organização pode fazer.
Luciane Goes
Márcia, você entende que temos empresários aproveitando a situação para demissões ou tirar benefícios e direitos dos trabalhadores?
R:. Oi Luciane, bom tê-la por aqui. Lu, não acredito e não devo nem sequer considerar esta possibilidade sob pena de cometer generalizações equivocadas. Prefiro acreditar que é uma questão de sobrevivência em um período cuja duração se desconhece. De qualquer modo, é fato que a vida traz de volta tudo o que colocarmos nela. A conta sempre chega.
Tatiane Nunes
Nossa visão precisa ser mais holística, né Márcia? Nos oportunizar ter trocas com o diferente é o que nos faz crescer?
R:. Tati Nunes, satisfação ter você por aqui.
Acho isso essencial para o sucesso de qualquer profissional, como também de empresa. Valorizar a diversidade, inclusive de opiniões. Não descartar o impossível de um jeito tão voraz e imperioso. Lidar com erros de forma mais humanizada, porque sempre haverá um aprendizado para os envolvidos. Cuidar das mensagens – muitas implícitas – que são transmitidas a todos no dia a dia. Se você tem mais do mesmo; se as pessoas não têm espaço para opinar; se os pronunciamentos valorizados são sempre aqueles que a chefia vai aprovar, eu penso que a empresa corre riscos sérios. Há uma linha muito tênue nas soluções que servem e as que não servem. Quando somente uma voz impera, tudo fica muito penoso e claro, perigoso.
O mundo nos traz insights importantes. São das conexões que obteremos prosperidade.
Te desejo muito sucesso na vida. Até a próxima.