Jovens profissionais passam a se interessar mais pelos planos de previdência

Um dos desafios que pairam sobre a cabeça de muitos gestores de RH refere-se aos anseios da chamada geração Y. Mais identificados com riscos e tidos como imediatistas por muitos, esses profissionais mais jovens passam a ideia de que alguns itens comuns nos pacotes de benefícios não possuem um peso forte de atração, como, por exemplo, os planos de previdência privada. Tão imersos nos desafios que buscam e nos objetivos mais imediatos, por que se preocupar com o pós-carreira? Essa seria uma questão lógica, mas que vem mudando. O interesse dessa geração por um complemento de renda logo após pendurarem as chuteiras vai crescendo – não exatamente na razão direta do envelhecimento da população.

Alguns dados parecem reforçar essa mudança. Por exemplo: uma pesquisa feita pelo banco Santander mostra que cerca de 20% dos jovens investidores na faixa dos 20 aos 33 anos de idade possuem algum plano de previdência privada. Entre os chamados baby boomers (nascidos entre 1946 e 1965), esse índice fica em 23%. Já o pessoal X (nascidos entre 1966 e 1977) representa 26%.

Outro dado que corrobora o interesse dos jovens pelos planos de previdência privada também é verificado em levantamento feito pela Seguros Unimed: os profissionais com idade entre 20 e  33 anos já representam 5% do faturamento total da companhia, um percentual cerca de 65% maior do que o registrado em 2008, conforme relata Alexandre Ruschi, diretor-técnico da seguradora. O executivo conta, ainda, que embora sejam ousados em diversas atitudes que adotam na vida profissional e pessoal, quando se trata de investimento, os jovens são conservadores, optando por colocar a maior parte dos seus recursos na poupança (82,1%).

O atual momento de incerteza na economia mundial reforça o comportamento dos investidores que buscam aplicações financeiras mais conservadoras, incluindo a geração Y. Adicionalmente a esse panorama, os jovens percebem os seguros de vida e de previdência complementar aberta como importante elo na cadeia dos mecanismos de proteção contra perdas do poder aquisitivo na aposentadoria. No Brasil, há algumas décadas, esse risco era inexpressivo, tendo em vista a grande participação dos jovens no conjunto da população, com contribuições que financiavam as aposentadorias e pensões dos idosos. “Esse comportamento da geração Y encontra perfeita sintonia com a necessidade estratégica do país de aumentar a cultura da sociedade em reconhecer a poupança interna promovida pelo acúmulo da previdência privada”, avalia Ruschi. O envelhecimento da população reforça essa preocupação apontada pelo executivo da seguradora. Estima-se que a população brasileira com mais de 65 anos, que se manteve em torno dos 3% do total até 1970, deve chegar a um índice de 13% em 2020, níveis de União Europeia em 2050. Isso faz com que os planos dessa natureza ajudem esse contingente a programar seu futuro – o que, a reboque, anima o setor.

Papel de atração
O mercado de planos de previdência privada, tanto individual como corporativa, está passando por um período de aquecimento sem precedentes. Somente na última década, a previdência privada cresceu 25% ao ano, o que representou aumento do patrimônio líquido de 3,09 bilhões de reais para 206,3 bilhões de reais. Contudo, no afã de fechar um bom negócio, algumas instituições bancárias ou seguradoras que oferecem esse produto acabam deixando de lado o perfil do cliente, o prazo em que este pretende utilizar a reserva acumulada, entre outros aspectos.

O diretor de vida & previdência empresarial da Zurich Seguros, Carlos Gadia, explica que é preciso ter cautela, tanto por parte do cliente quanto da prestadora de serviço. “Hoje, são muitas as opções no mercado para quem deseja contratar um plano de previdência privada. Porém, sem uma boa orientação, o cliente pode acabar escolhendo um plano que pode não ser o ideal, e mais importante, sempre digo que um plano de previdência se comporta como um produto vivo, ele evolui ao longo do tempo como o próprio cliente, e para isso precisa de um acompanhamento constante, um comportamento que ainda não vemos nas seguradoras no Brasil”, comenta Gadia.

Ele conta que com o propósito inicial de oferecer uma renda complementar, garantindo mais tranquilidade no futuro, a previdência privada ganha, no mercado corporativo, novos significados e importância estratégica: reter e atrair talentos. “Cada vez mais as empresas têm se conscientizado de que esses planos são potentes ferramentas para reter e atrair profissionais. E sai na frente a que entende a oferta desse benefício aos seus funcionários como um investimento, e não como despesa”, analisa Gadia.

Além de papel motivador para os funcionários, os planos de previdência privada sinalizam para as organizações que os investimentos trarão mais tranquilidade e segurança para a empresa que fizer essa aposta. Afinal de contas, o funcionário se sentirá valorizado enquanto estiver na ativa e, quando precisar, saberá que a empresa para a qual dedicou anos de trabalho, o ajudou a ter uma aposentadoria mais sossegada.

Fonte: Revista Melhor, publicada em Janeiro de 2013

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